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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


Transtorno mental que mais causa suicídios, bipolaridade lesa o cérebro

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO

O transtorno bipolar é progressivo e leva à perda da função de neurônios, segundo novos estudos, liderados por pesquisadores brasileiros.
A doença, caracterizada pela alternância entre depressão e euforia (mania, como os médicos dizem), atinge 2,2% da população: são 4,2 milhões de brasileiros, segundo estimativa da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Crises bipolares não têm nada a ver com as mudanças de humor da pessoa "de lua", que passa uma manhã agitada ou se irrita facilmente.
Um episódio de mania pode durar dias ou semanas e levar a alteração do sono, perda do senso crítico e comportamentos compulsivos como comprar demais ou consumir álcool e drogas.
Como tantos outros nomes de patologias, a expressão "bipolar" é usada fora do contexto médico. "Há um entendimento errado da bipolaridade. É uma doença muito grave, com uma série de sintomas. Mudar de humor rapidamente não faz o diagnóstico", diz o psiquiatra Beny Lafer, coordenador do Programa de Transtorno Bipolar do Hospital das Clínicas de São Paulo.
BANALIZAÇÃO
A bipolaridade é a doença mental que mais mata por suicídio: cerca de 15% dos doentes se matam. Os pacientes têm um risco 28 vezes maior de apresentar comportamento suicida do que o resto da população e até metade dos doentes tenta se matar, mostram levantamentos.
"A expectativa de vida de homens bipolares é 13 anos menor e de mulheres bipolares é 12 anos menor do que a da população em geral, segundo um estudo dinamarquês. A expectativa de vida do bipolar é comparável à do esquizofrênico", diz o psiquiatra Fábio Gomes de Matos e Souza, professor e também pesquisador da Universidade Federal do Ceará.
Considerando a gravidade, os médicos todos criticam a popularização do termo.
"É banalizar a doença. Estar triste é uma coisa, estar deprimido e não conseguir sair de casa é outra", diz a psiquiatra Ângela Scippa, presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar.
De acordo com as últimas descobertas científicas, as crises de euforia e depressão são tóxicas ao cérebro.
ENXURRADA NO CÉREBRO
O grupo do psiquiatra Flávio Kapczinski, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é referência na área e publicou artigos em novembro e dezembro nas revistas "Translational Psychiatry" e "Current Psychiatry Reports".
"Assim como o organismo do diabético sofre com os picos de glicemia, o cérebro de quem tem transtorno bipolar não controlado sofre com o excesso de neurotransmissores", diz Kapczinski.
As crises são acompanhadas da descarga de substâncias como dopamina e glutamato. Na tentativa de controlar o incêndio, o organismo manda para a região células protetoras. "Essas células produzem inflamação, causando a perda de conexões entre neurônios. São os achados mais recentes, nem estão publicados ainda", adianta.
Após cinco episódios do transtorno perde-se 10% do hipocampo, área responsável pela memória, estima o psiquiatra Matos e Souza.
A médio prazo, a doença fica mais grave e as crises, frequentes e fortes. O doente responde cada vez menos à medicação. "Ele passa a ter problemas de memória, planejamento e concentração, funções ligadas à parte frontal do cérebro", diz Kapczinski.
Editoria de Arte/Folhapress
DIAGNÓSTICO
Os primeiros surtos de transtorno bipolar surgem como crises de depressão em 60% dos casos, daí a dificuldade no diagnóstico. O transtorno aparece, em geral, até os 25 anos.
Quando a doença se manifesta como mania, os sintomas são confundidos com os de esquizofrenia (megalomania, alucinações). "O diagnóstico leva até dez anos", afirma Helena Calil, psiquiatra e professora da Unifesp.
A dificuldade de determinar a doença é comum entre os transtornos mentais, lembra Jair Soares, psiquiatra brasileiro e pesquisador na Universidade do Texas em Houston (EUA).
Não há um marcador biológico que possa ser medido em um teste. "Dependemos do diagnóstico clínico, da descrição dos sintomas pelo paciente", completa Soares.
A avaliação clínica não consegue diferenciar uma depressão bipolar de outras. "O tratamento com antidepressivo puro pode agravar a doença. É um risco. Às vezes, só assim para descobrir", diz a psiquiatra Ângela Scippa.
Os casos mais complexos envolvem crises de hipomania, uma mania leve que pode aparecer como ciúme ou irritabilidade. Sentimentos normais que, no bipolar, são exagerados e causam prejuízos à vida --essa é a fronteira entre normal e patológico.
O alerta deve vir quando a família se queixa de instabilidade: a pessoa mostra alterações visíveis e fases de normalidade. Outros sinais são: histórico familiar (80% dos casos são hereditários), alterações no sono e uso de álcool e drogas (metade dos bipolares é dependente).
HIPOMANIA LEVE
Antes, o transtorno bipolar era conhecido como psicose maníaco-depressiva e incluía casos mais graves. Agora, se discute se pessoas com depressão e hipomania leve (irritadas, ciumentas demais) devem ser tratadas como bipolares --metade dos que sofrem de depressão se enquadra no perfil. Ou seja, 10% da população.
"Já há evidências científicas para isso", defende o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Clínicas da USP.
Para Soares, se a caracterização for expandida demais, corre o risco de abarcar gente que não se beneficiará com o tratamento. "Será que vamos tratar pacientes que, em vez de melhorar, vão piorar?", diz.
A psicoterapia aumenta a adesão ao tratamento com remédios e ajuda a pessoa a conhecer os gatilhos das crises. "É importante, mas complementar", diz Leandro Malloy-Diniz, psicólogo e presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia.
Editoria de Arte/Folhapress

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012




Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo

MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO


Uma série de estudos publicada no periódico "Lancet" chama a atenção para um assunto tabu: o suicídio.
Segundo um dos artigos, essa é a primeira causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos. Entre os homens, o suicídio ocupa o terceiro lugar, depois de acidentes de trânsito e da violência.
No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, ficando atrás de acidentes e homicídios.
"As taxas sempre foram maiores na terceira idade. Hoje a gente observa que, entre os jovens, elas sobem assustadoramente", afirma Alexandrina Meleiro, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
Entre os jovens, a taxa multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4 a cada 100 mil pessoas.
Segundo o estudo, os adolescentes evitam procurar ajuda por temerem o estigma e que rumores sobre seus pensamentos suicidas se espalhem pela escola.
Há outra mudança no perfil dos que cometem suicídio. O risco, que sempre foi maior entre homens, tem aumentado entre as meninas.
Segundo Meleiro, isso se deve a gestações precoces e não desejadas, prostituição e abuso de drogas.
SILÊNCIO
O problema, porém, é negligenciado, como mostram dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade afirma que os casos de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos e que 1 milhão de pessoas no mundo morrem dessa forma por ano.
No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia. O número de tentativas é até 20 vezes maior que o de mortes.
"O suicídio é uma epidemia silenciosa. E o preconceito em torno das doenças mentais faz com que as pessoas não procurem ajuda", diz Meleiro. Cerca de 90% dos suicídios estão ligados a transtornos mentais.
Editoria de arte/folhapress
Segundo a OMS, pouco tem sido feito em termos de prevenção. Os pesquisadores, da Universidade de Oxford e da Universidade Stirling, na Escócia, dizem que mais pesquisas são necessárias para compreender os fatores de risco e melhorar a prevenção.
Uma estratégia é limitar o acesso a meios que facilitem o suicídio, como armas.
Meleiro diz ainda que as pessoas costumam dar sinais antes de uma tentativa. "Acredita-se que perguntar se a pessoa tem pensamentos suicidas vai estimulá-la, mas isso pode levá-la a procurar ajuda."
A psiquiatra da infância e da adolescência Jackeline Giusti, do Hospital das Clínicas da USP, afirma que é importante prestar atenção a sinais de automutilação nos adolescentes, porque a prática aumenta o risco de suicídio.
"Professores, clínicos e pediatras têm que ficar atentos a essa possibilidade e investigar. É um sinal de que algo não está legal e merece cuidados. Em geral os adolecescentes que se mutilam são deprimidos, têm ansiedade e têm uma dificuldade enorme pra dizer o que estão sentindo ou para pedir ajuda."

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Duas notícias do mundo hispânico: prevenção do suicídio em face do bullying e da condição de soropositivo

Adolescentes graban un videoclip contra el acoso escolar, para prevenir suicidios como el del holandés Tim Ribberink


Cuatro alumnos del Instituto Alejandría de Tordesillas (Valladolid) han grabado un videoclip contra el acoso en las redes sociales, a fin de evitar suicidios como los de la canadiense Amanda Todd o el más reciente del holandés Tim Ribberink.

Según la Plataforma de Infancia, el objetivo de esta iniciativa es sensibilizar a la población, y en especial a los jóvenes, sobre la existencia del problema, a fin de que denuncien su situación u otros casos de acoso que puedan conocer.

María, Sergio, Andrea y Patricia han contado con sus compañeros de clase para rodar y grabar 'Today is dark, tomorrow will be black' ('Hoy está oscuro, mañana será negro').

Este vídeo y la canción se difundirán en la red social 'cibercorresponsales', que impulsa dicha plataforma entre menores de 18 años para dar cabida a la participación juvenil en temas sociales.

Con este trabajo, los chicos quieren poner de manifiesto que no toda la juventud toma parte en actos violentos y que muchos incluso los denuncian y se involucran en actividades de voluntariado contra el acoso.


Terapias psicológicas son vitales para prevenir suicidios en pacientes seropositivos


Depresión puede acabaron sus ganas de vivir.

Los especialistas del Hospital de la Solidaridad recomiendan terapias psicológicas en los pacientes de VIH-SIDA con el fin de prevenir suicidas y cuadros depresivos en su vida.

Liliana Díaz Díaz, psicóloga del centro, señala que para muchas personas el saber que tiene esa enfermedad puede resultar muy impactante, ocasionando reacciones diversas, algunos muy negativas.

"No hay estadísticas que certifiquen esto pero por la experiencia y lo que manifiestan, en alguno momento lo pensaron. Esto unido a indicadores de depresión, si están recibiendo un tratamiento o abordaje emocional, implican muchos aspectos”, expresa.

Ante esta, la experta recomienda optar por terapias en donde la enfermedad se puede ver desde diversos enfoques, tiempos y espacio, educando e informando no solo al paciente, sino también a sus familiares y amigos.

Asimismo, resalta la necesidad de identificar los signos de alerta temprana como los nervios inestables, los estados de inquietud varios, las pesadillas y los ataques de pánico.

Fontes: link1 e link2.

Evento de capacitação de prevenção de suicídio no Rio Grande do Sul


Secretaria promoveu capacitação sobre suicídio a profissionais da saúde do RS
Gustavo Trevisi

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) realizou no dia 29 de novembro o 4º Seminário Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio. O evento foi destinado aos servidores da saúde dos municípios do RS que trabalham com a temática do suicídio (Venâncio Aires e região).

A psicóloga do Departamento de Coordenação dos Hospitais Estaduais da SES,  Cláudia Weyne Cruz, explicou que o objetivo do encontro foi capacitar os profissionais de saúde para a prevenção de suicídios. "Ainda falta conhecimento para evitar que as pessoas façam isso", afirma.

Segundo ela, há um aumento de casos entre jovens e idosos. Entre os idosos, a aposentadoria; as dores provenientes de doenças e a perda da função social estão entre os principais fatores que contribuem para este acréscimo.

A Irmã Lúcia Boniatti, presidente do Sistema Mãe de Deus, disse que é necessário tocar o coração das pessoas. "Dentro de nós está a maior sabedoria das nossas vidas", assegura. Para ela, devemos ter, pelo menos, 15 minutos de silêncio diário e eliminar hábitos antigos para aquietar nossa mente e melhorar nossa qualidade de vida.

Durante o evento, teve o lançamento do Guia de Prevenção do Suicídio, realizado a partir de um convênio com o Ministério da Saúde.

Fonte: http://www.saude.rs.gov.br/conteudo/6733/?Secretaria_promove_capacita%C3%A7%C3%A3o_sobre_suic%C3%ADdio_a_profissionais_da_sa%C3%BAde_do_RS
Mais informações sobre o guia


PREVENÇÃO DO SUICÍDIO NO NÍVEL LOCAL

Orientações para a formação de redes municipais de prevenção e controle do suicídio e para os profissionais que a integram

Organização
Anna Tereza Miranda Soares Moura, Eliane Carnot Almeida, Paulo Henrique de Almeida Rodrigues,
Ricardo de Campos Nogueira, Tânia E. H. H. - Porto Alegre

Revisão Técnica
Miriam Prietch
Neury José Botega
Ricardo de Campos Nogueira

Esta publicação se dirige a todos os profissionais que tem a possibilidade de atuar na vigilância e prevenção do suicídio, em especial nas áreas da saúde, assistência social, educação, extensão rural, jornalismo e segurança.

Resulta de um Projeto de Pesquisa realizado em quatro municípios do Estado do Rio Grande do Sul – Candelária, Santa Cruz do Sul, São Lourenço do Sul e Venâncio Aires, todos com elevados índices de suicídio, com o objetivo de desenvolver uma metodologia para a formação de redes intersetoriais de promoção da vida e prevenção do suicídio, a partir da sensibilização e do envolvimento de profissionais de diferentes setores.

O Projeto foi coordenado por pesquisadores do curso de Mestrado em Saúde da Família da Universidade Estácio de Sá, com o apoio do Centro de Estudos em Saúde Coletiva (CEPESC) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com financiamento do Ministério da Saúde através da Coordenação de Saúde Mental e da Secretaria de Vigilância e Saúde (SVS). Contou com a parceria do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (CEVS/SES/RS), através do Núcleo de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis (NVDANT), do Programa de Prevenção da Violência do Estado do Rio Grande do Sul (PPV/RS) e das secretarias municipais de saúde dos quatro municípios envolvidos.

Houve participação ativa de profissionais com atuação local em diferentes setores, representantes de instituições como o Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS) da SES/RS, o Centro de Valorização da Vida (CVV), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul (SSP/RS) e da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).

O projeto contou com a consultoria técnica dos especialistas Profa. Blanca S. Guevara Werlang, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) e Prof. Neury José Botega, da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP).

Foram tomados como referência os manuais da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) para a vigilância, prevenção e o controle do suicídio, cujo conteúdo foi sintetizado, assim como os dados levantados na referida pesquisa e em outros trabalhos acadêmicos sobre o tema.

Para acessar o guia, clique nos arquivos abaixo:
Capa do Manual
Parte 1/3
Parte 2/3
Parte 3/3

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


Uruguaios tentam entender alta taxa de suicídios no país


Suicida | Crédito da foto: SPL
Jovens e idosos estão entre os principais grupos de risco no suicídio.
No Uruguai, há um assunto em voga que intriga os estudiosos e preocupa as autoridades. Por que, em um país de relativa prosperidade, existem mais casos de suicídio do que em outras nações da América Latina?
A questão ganhou força depois que o governo uruguaio divulgou, recentemente, dados que mostram que o país tem uma taxa de 16,6 suicídios por 100 mil habitantes.
"Esse número coloca o Uruguai em primeiro lugar na taxa de suicídios, ao lado de Cuba, entre os países latino-americanos", explicou Hebert Tenenbaum, psicólogo e diretor do programa de saúde mental do Ministério de Saúde Pública do Uruguai.
"Trata-se de um problema muito grave", afirmou.
Tenenbaum disse que as autoridades estão tentando resolver o problema de diversas formas. No entanto, as motivações ainda são desconhecidas.

Grupos de risco

O assunto é uma questão dolorosa para o país de apenas 3,3 milhões de habitantes que geralmente figura no topo dos índices de desenvolvimento humano da América Latina, compilados pelas Nações Unidas.
Segundo um ranking divulgado neste ano pelo Legatum Institute, uma organização independente com sede em Londres, o país foi classificado como o mais próspero da região,.
Apesar disso e do boom econômico vivido nos últimos anos – com altas taxas de crescimento e baixo desemprego -, foram registrados 537 suicídios apenas em 2011, uma amostra de o que fenômeno permanece entranhado na sociedade uruguaia.
De acordo com dados oficiais, pessoas acima de 65 anos e adolescentes são o principal grupo de risco.
O número de homens que cometem suicídio é maior do que o de mulheres. A maior incidência também ocorre em cidades do interior do país.
O relatório revela ainda que o enforcamento é o método mais usado.
Tenenbaum explica que os suicídios acontecem com mais frequência em regiões rurais e menos urbanizadas.

Possíveis explicações

"Certamente há uma ligação entre a depressão não tratada e o suicídio"
Hebert Tenenbaum, psicólogo
De acordo com o especialista, a ideia de depressão, isolamento e solidão está totalmente ligada às razões para o suicídio.
"Certamente há uma ligação entre a depressão não tratada e o suicídio", disse o psicólogo.
Apesar de a população acima de 65 anos ter crescido 14%, de acordo com o último censo uruguaio, não há apoio familiar e social para estas pessoas. Segundo especialistas, esse seria um dos motivos que explicariam por que os idosos pertenceriam ao grupo de risco.
Em 1990, o psiquiatra Federico Dajas diagnosticou o problema no país e passou a estudá-lo ostensivamente.
"Cientificamente, nunca conseguimos chegar a uma explicação concreta para este fenômeno", disse o médico.
Os estudos incluíram aspectos epidemiológicos, sociais, bioquímicos e psicológicos. Foi criada, inclusive, uma unidade de internação para o suicida em potencial, para que o assunto pudesse ser analisado in loco.
"Eu gostaria de ter encontrado uma resposta", disse Dajas, pesquisador-chefe do Instituto de Pesquisas Biológicas Clemente Estable.
De acordo com Dajas, a taxa de suicídios no Uruguai era estável durante o século 20, mas sempre foi maior do que em outros países da América Latina.
Para os especialistas, existem fatores específicos que podem agravar o problema em determinado momento. Durante a crise econômica de 2002, o número de casos aumentou para 20 suicídios por 100 mil habitantes.
Dajas especula que a situação esteja ligada ao fato de o Uruguai ser um "país transplantado", com uma grande parcela da população sendo descendente de imigrantes europeus. Segundo ele, isso poderia trazer "influências genéticas".
De acordo com o Eurostat, a taxa de suicídios no Uruguai é menor do que em países como a Finlândia e Eslovênia, mas maior do que Espanha e Itália, nações que contribuíram com a imigração para o Uruguai.

"Perfil suicida"

"Concluímos que é uma delicada e complexa soma de fatores sociais, familiares e pessoais", explicou Dajas.
O psiquiatra destacou a importância da criação de políticas abrangentes de prevenção, como o trabalho de colaboração com grupos de risco – jovens e idosos.
Para o psicólogo Claudio Danza, o suicídio entre jovens pode estar ligado à falta de perspectivas, de ideais e de projetos.
Suicídios são a segunda causa de morte entre os jovens, ficando atrás de acidentes de trânsito. No entanto, para estudiosos no assunto, as duas causas têm pontos em comum.
"Se um jovem dirige um carro potente a 160km/h, em uma avenida ou estrada, ele tem um comportamento suicida. São perfis muito semelhantes", afirmou Danza.

Suicídio abre debate sobre cyberbullying no Canadá


Memorial para Amanda Todd (Foto AP)
Canadenses se reínem em homenagem a Amanda Todd em Maple Ridge
A história trágica de uma adolescente canadense que se suicidou após ser vítima de uma campanha de perseguição e intimidações pela internet está causando comoção nacional e internacional - e já motivou o Parlamento do Canadá a abrir um debate sobre como lidar com o problema, conhecido como cyberbullying.
Amanda Todd, de 15 anos, teria começado a ser vítima de bullying aos 12 anos, segundo seu relato, depois de ter sido convencida a mostrar os seios para uma pessoa com quem conversava na Internet.
Uma página do Facebook foi criada para expor a foto da menina de topless e a imagem foi distribuída para seus colegas de escola. Amanda mudou de casa e de escola, mas o assédio continuou pela internet, o que a teria levado a se enforcar na semana passada.

Vídeo no YouTube

No dia 7 de setembro, a adolescente publicou no YouTube um vídeo no qual relata o bullying e a depressão resultante da perseguição dos colegas.
Na gravação de nove minutos, que já foi vista por milhões de pessoas, o rosto de Amanda não aparece. A adolescente também não fala, mas conta sua história com uma sequência de mensagens escritas em pequenos cartazes, identificando-se no fim do vídeo.
Ela diz que, por causa do bullying, mergulhou em uma depressão e começou a ter medo de sair de casa, buscando conforto em drogas, álcool e antidepressivos.
Também conta que bebeu água sanitária em uma tentativa anterior de suicídio após apanhar de uma menina na escola. Nem depois disso, no entanto, teria tido o apoio de colegas.
Pelo contrário, segundo ela relata em seu vídeo, na ocasião, teria recebido mensagens pela internet de ódio incentivando seu suicídio.
"Todo dia penso por que ainda estou aqui'", a menina escreveu. "Não tenho ninguém. Preciso de alguém."
O vídeo termina com uma imagem dos braços de Amanda repletos de cortes.
No fim do vídeo, ela também explica que não fez a gravação porque queria atenção, mas para ser uma "inspiração" para outros adolescentes.

Comoção

Vídeo de Amanda Todd
Vídeo de Amanda Todd: 'Não tenho ninguém. Preciso de alguém'
Amanda vivia em Port Coquitlam, em British Columbia, mas a notícia de sua morte causou comoção em todo o Canadá e também em outros países - principalmente nos Estados Unidos.
Os parentes da menina criaram uma página do Facebook em homenagem a ela que já foi "curtida" por mais de 800 mil pessoas. Sua família recebeu centenas de mensagens de apoio - embora mensagens ofensivas também tenham aparecido na internet.
Manifestações e vigílias estão sendo organizadas no Canadá e em algumas cidades dos EUA para lembrar o drama de Amanda e pedir políticas contra o bullying mais firmes.
No Parlamento canadense, deputados pretendem aprovar uma moção que abra espaço para uma estratégia nacional para impedir o bullying.
Segundo a emissora CTV, o projeto, proposto pelo deputado Dany Morin, criaria um comitê multipartidário para avaliar o problema. Mas o pai de Amanda disse à emissora que o país precisa de "mais ação" e não de mais estudos sobre cyberbullying.
Alguns especialistas defendem a criminalização do bullying pela internet no Canadá e mais empenho em identificar os responsáveis por esse tipo de assédio.

Investigações

A polícia canadense continua a investigar as circunstâncias que levaram ao suicídio de Amanda e diz ter recebido "mais de 400 pistas" de pessoas querendo contribuir com as investigações.
De 20 a 25 policiais foram destacados para o caso em uma tentativa de mostrar que ele realmente está sendo levado a sério.
O objetivo da investigação seria identificar aqueles que tiveram algum contato com Amanda "antes de ela tomar sua trágica decisão", nas palavras do porta-voz da polícia local, o sargento Peter Thiessen.

Por que os japoneses cometem tantos suicídios?

Teoria do haraquiri: no Japão, houve uma época em que o suicídio era glorificado

Kanto , Tokyo , Tokyo - Silvia Kikuchi/IPCJAPAN

Segundo a Organização Mundial de Saúde, um milhão de pessoas se suicidam todos os anos. Dentre os países desenvolvidos, o Japão é o que apresenta a maior taxa. Na era Showa (1926~1989) chegou a ocupar o primeiro lugar nesse ranking e mais tarde ficou conhecido como "Reino dos Suicídios" (Jisatsu Ookoku).

Na maioria dos países do ocidente, onde predomina o cristianismo, o suicídio é considerado um ato negativo e contra os ensinamentos religiosos.

O Japão, por outro lado, viveu um período em sua história em que o suicídio era até glorificado, como em casos de haraquiri (cortar o ventre a faca ou a sabre) ou os camicases (do japonês "vento divino", se refere aos pilotos treinados para desferir ataques suicidas contra alvos inimigos). A dedicação e a fidelidade ao Imperador podem não ter o mesmo sentido hoje, mas devido a esse passado, o suicídio não desperta um sentimento de culpa tão forte como entre os ocidentais.

Em números... (2003)
População japonesa127.619.000
Suicídios32.109
População de estrangeiros no Japão1.915.030
Suicídios2.318
Total de suicídios34.427



SOS dos suicidas

Comentam que querem morrer
- Praticam atitudes prejudiciais para si mesmos
- Se preparam para uma despedida
- Cometem atos perigosos
- Exageram no consumo do álcool ou outras drogas
- Alteram repentinamente o comportamento
 Muitas pessoas acreditam que o suicídio é um ato repentino. Na verdade não é bem assim. As investigações mostram que os familiares haviam notado pequenas mudanças de comportamento antes das pessoas se suicidarem.
O processo: estresse - estado depressivo - vontade de morrer
 A depressão é um "transtorno emocional" que pode atingir qualquer pessoa, mas tem cura. Uma pessoa nesse estado tende a se fechar cada vez mais para o contato social. Quando os amigos ou familiares perceberem esses sinais, devem procurar ajuda profissional.

Perfil dos suicidas japoneses
- Têm entre 25 e 29 anos de idade
- Preferem as segundas-feiras
- Os homens, das 5h às 6h e as mulheres, das 12h às 13h
- Os meses preferidos em 2003 foram abril e maio
- Os homens são geralmente divorciados, e as mulheres, casadas
- Os enforcamentos lideram o ranking, mas os jovens dão preferência para inalação de gás ou lançar-se de lugares altos
- A província com maior número de suicídios é Akita

Ranking mundial
Países com as maiores taxas de suicídio*
Rússia70,6
Hungria51,5
Japão36,5
Países com as menores taxas de suicídio*
Itália11,1
Inglaterra11,8
Estados Unidos17,6
**Para cada 100 mil habitantes

Fonte:http://www.ipcdigital.com/br

terça-feira, 13 de novembro de 2012




ESTE VÍDEO FOI CRIADO COM O OBJETIVO DE AJUDAR AS PESSOAS ENTENDEREM A RESPEITO DO COMPORTAMENTO SUICIDA E OS MITOS E REALIDADES SOBRE ESTE ATO QUE CAUSA IMPACTO, MEDO, VERGONHA, ESTIGMA, PRECONCEITOS ETC. HÁ PREVENÇÃO. HÁ AJUDA. É POSSÍVEL SALVAR MUITAS VIDAS.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

CAMINHADA PRAVIDA


http://www.youtube.com/watch?v=KRPjoEqRwek&feature=fvsr


PREVENÇÃO AO SUICÍDIO
http://www.youtube.com/watch?v=gCupzL6aJXo
Autodestruição Humana.http://www.scielo.br/pdf/%0D/csp/v10s1/v10supl1a05.pdf
Tentativas de suicídio em um hospital geral no Rio de Janeiro. http://www.scielosp.org/pdf/csp/v22n10/19.pdf
O suicídio e sua relação com o comportamento impulsivo-agressivo. http://www.scielo.br/pdf/rbp/v21s2/v21s2a06.pdf
ARTIGOS CIENTÍFICOS SOBRE O COMPORTAMENTO SUICIDA (PDF)
 Análise epidemiológica do suicídio no Brasil entre 1980 e 2006. http://www.scielo.br/pdf/rbp/v31s2/v31s2a07.pdf
ARTIGOS CIENTÍFICOS SOBRE O COMPORTAMENTO SUICIDA (PDF) Mortes por suicídio: diferenças de gênero e nível socioeconômico http://www.scielo.br/pdf/rsp/v37n3/15865.pdf
Manual de Prevenção ao Suicídio dirigido para os Profissionais da Saúde Mental http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_editoracao.pdf

Valorização da vida é tema de caminhada no Ceará


Projeto de extensão da UFC promoveu a III Caminhada Pravida 
Movimento quer mostrar que há tratamento para quem vê no suicídio única solução
 
Um assunto velado e cheio de tabus ganhou espaço ao percorrer trecho da avenida Beira Mar, na manhã deste domingo, 9.

O projeto Pravida realizou a terceira edição da caminhada para mostrar que é possível prevenir suicídios por meio da valorização da vida. O Pravida é projeto de extensão dos cursos de Medicina e Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e promove atendimentos de pessoas que tentaram tirar a própria vida.

O objetivo da caminhada, explica o coordenador do Pravida, Fábio Gomes de Matos, é mostrar que é preciso dar valor à vida, aos vínculos sociais, e prevenir os cinco transtornos que, segundo ele, são os maiores causadores de tentativas de suicídio. “Cem por cento dos casos de suicídios se explicam na depressão, no transtorno bipolar, na dependência de substâncias, na esquizofrenia e no transtorno de personalidade limítrofe”, enumera. Por isso, cita o médico, o diagnóstico e o tratamento desses transtornos são essenciais para evitar atitudes extremas.

Além disso, Fábio Gomes de Matos comenta que reduzir o acesso das pessoas aos meios de morte e o tratamento dos grupos de risco são atitudes importantes neste processo de valorização da vida. “A sociedade precisa estar atenta para salvar vidas”, pontua. Por isso, diz, todos devem participar da caminhada, que seguirá do começo da avenida Beira Mar até a Praça dos Estressados, onde haverá estandes de entidades que lidam cotidianamente com as vítimas desses transtornos.

O médico afirma que o Provida elaborou Plano Municipal de Prevenção do Suicídio, a ser entregue aos candidatos à Prefeitura de Fortaleza, para que haja ampliação da rede de assistência e prevenção.

O psiquiatra João Dummar Filho reforça ser necessário desmistificar o suicídio e melhorar o sistema de assistência psiquiátrica. “Prevenir doenças evita suicídios. E o uso de drogas pode levar a um quadro depressivo e a essa atitude. Precisamos reforçar que, se a pessoa tem problemas, deve procurar ajuda”, destaca. (Mariana Lazari-marianalazari@opovo.com.br)

Entenda a notícia

Segundo o Pravida, o índice de suicídios no Nordeste subiu 130% em 10 anos. A caminhada marca o dia mundial de prevenção ao suicídio (10/9).

Serviço
Atendimentos do Projeto Pravida
Onde: Hospital Universitário Walter Cantídio (rua Capitão Francisco, 1.290)
Saiba mais: www.pravida.ufc.br
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/2012/09/08/noticiasjornalfortaleza,2916054/valorizacao-da-vida-e-tema-de-caminhada.shtml

Formação para prevenção ao suicídio: o papel do clínico geral

O artigo abaixo trata de tema da maior importância para os médicos, que naturalmente estão na linha de frente (nas clínicas, urgências e emergências) lidando com pessoas acometidas de doenças mentais - das leves às severas. A depender do diagnóstico e do encaminhamento risco de alguns dos pacientes consultados virem a praticar o suicídio pode ser amenizado ou eliminado...

A questão que se coloca, portanto, é se os médicos brasileiros estão preparados esta tarefa!

O alerta vem de além-mar, mas certamente serve aos nós do lado de cá do Atlântico.

Prevenção do suicídio deverá incidir na formação dos profissionais de saúde

O Programa Nacional de Prevenção do Suicídio (PNPS) deverá "insistir muito" na formação dos profissionais de saúde a nível dos cuidados primários, afirmou o responsável pela elaboração do plano.

Álvaro de Carvalho, psiquiatra e presidente da comissão de peritos que está a elaborar o PNPS, reconheceu que "a formação, em termos do diagnóstico dos problemas de saúde mental e da terapêutica adequada, nem sempre é a melhor entre nós".

O responsável referiu dados recentes que indicam que Portugal é um dos países da União Europeia onde as pessoas mais recorrem ao clínico geral quando têm problemas de saúde mentais ou emocionais.

"Sabe-se que um número muito significativo de pessoas que cometeram suicídio procurou, no ano anterior, o seu clínico geral", revelou à agência Lusa o psiquiatra.

Estes números sustentam, segundo Álvaro de Carvalho, a necessidade de "insistir muito na grande importância da formação dos profissionais de saúde, a nível dos cuidados primários, sobre as situações de risco de suicídio".

De acordo com o responsável pelo PNPS, em preparação, existem, em Portugal, 36 serviços locais de saúde mental em hospitais gerais, "que estabelecem a ponte com os cuidados primários", bem como entre 12 e 15 equipas, com funções idênticas, nos hospitais psiquiátricos.

"Mesmo assim, há um trabalho muito grande a fazer, no sentido de habilitar os profissionais dos cuidados primários para uma melhor capacidade de diagnóstico e terapêutica", acrescentou.

Álvaro de Carvalho vincou a "grande importância", em "situações de crise", nas quais os fatores de risco de suicídio, como a depressão e o consumo de álcool, têm tendência a agravar-se, do "desenvolvimento de cuidados de saúde de proximidade", aliado ao "reforço dos apoios sociais e de requalificação, a nível profissional, das pessoas que ficam desempregadas".

ALERT Life Sciences Computing, S.A.  - 12 Setembro 2012
http://www.alert-online.com/br/news/health-portal/prevencao-do-suicidio-devera-incidir-na-formacao-dos-profissionais-de-saude