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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Vale a pena seguir!

Alguém ao seu lado pode estar gritando por socorro e quase sempre, poucos possuem a sensibilidade desenvolvida para esse “ouvir”. Raramente, o suicídio é feito sem premeditação, exceto em alguns casos, diante de uma dor inesperada e insuportável, a pessoa toma uma decisão baseada no impulso do momento e pode vir a se suicidar na intenção desesperada de aquietar a dor emocional que tanto a aflige.
Porém, quase sempre é planejado, arquitetado, vivido e revivido pela pessoa, deixando sinais de alerta que poderiam ser percebidos, notados e assim, a trajetória dessa vida poderia ser mudada. Quem se suicida, já morreu um pouco dia após dia. E muitas vezes, a angústia de ainda estar vivendo é gritante, salta aos olhos daqueles que têm a percepção mais apurada.
Segundo a organização Mundial de Saúde, a OMS, o suicídio é considerado “um grande problema de saúde pública” que não é tratado e prevenido de maneira eficaz. Falta assertividade dos poderes públicos na busca de ações voltadas para a prevenção e ajuda as pessoas que estão em risco eminente de tirar a própria vida. Parte dessa “incapacidade” se dá pela grande demanda de casos, faltando muitas vezes, o auxílio necessário a essas pessoas. Outra parte, pelo preconceito que alguns têm de lidar com o fato, verdadeiro tabu. Quebrar esses paradigmas que envolvem a situação é primordial para que soluções possam alcançar a quem precisa, desmistificando pontos e conscientizando a sociedade.
De acordo com dados atuais da OMS, cerca de 3 mil pessoas por dia desistem de viver, o que significa que a cada 30 segundos uma pessoa se mata. Ainda, estima-se que para cada pessoa que consegue se suicidar, 20 ou mais tentam e fracassam em sua tentativa e que a maioria dos mais de 1, 1 milhão de suicídios a cada ano poderiam ser previstos e evitados. Alarmantemente, é uma das três principais causas de morte entre jovens e adultos de 15 a 34 anos, ainda que a maioria dos casos aconteçam entre pessoas de mais de 60 anos. Informações da Organização Mundial de Saúde, asseguram que a média de suicídios aumentou 60% nos últimos 50 anos, em particular nos países em desenvolvimento.
A estudiosa e psicóloga Karen Scavacini, coordenadora e cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, afirma:
“A pessoa começa a se despedir de parentes e amigos, pode apresentar muita irritabilidade, sentimento de culpa, choros frequentes. Também, pode começar a colocar as coisas em ordem e ter uma aparente melhora de um quadro depressivo grave de uma hora para outra. Muitas vezes, isso significa que já se decidiu pelo suicídio, por isso fica mais tranquila. É a falsa calmaria.”

Alguns Indicadores de Risco 

O suicídio tem a característica de imprevisibilidade, mas existem alguns sinais indicadores de risco que podem ser observados com atenção e eles são:
  • Ideias suicidas
  • Luto mal elaborado
  • Desmotivação, pessimismo constante
  • Tentativas anteriores frustradas
Isso não significa que pessoas que passam por desafios constantes, tristezas, lutos, história de suicídios na família, virão a cometer tal ato. São apenas indicadores e como tais, devem ser observados.

Como ajudar a quem está correndo risco de tirar a própria vida?


O fundamental é encaminhar a essa pessoa para uma avaliação psicológica urgentemente, para que a mesma possa ser avaliada e posteriormente submetida a um tratamento adequado diante do diagnóstico apresentado. Esse tratamento deve ser feito com total apoio de familiares.
Há um tempo atrás, presenciei o suicídio de alguém que amava muito e isso mudou o rumo das nossas vidas. Sei que foi escolha dele. Cruel, mas foi. Talvez, não visse as opções à sua frente. Pode ser… Só tenho uma certeza: fizemos o que pudemos para mudar essa situação. Não deu! Foi terrível ver o desespero estampado em seu rosto e depois de tudo, entender a dor que o acompanhava meses atrás. Nada fácil conviver com isso. E mais desafiante ainda é ter certeza que ele não se percebia como alguém que precisava de ajuda. Muito raro quem está vivendo esse momento procurar auxílio.
Sabemos que a pessoa precisa sentir-se amada, amparada, acolhida. Não podemos calar diante do fato de saber a intenção de alguém em fazer isso e ficarmos inertes. Acredito que a omissão custará muito caro… Pode custar uma vida.
É importante entender que quem quer tirar a própria vida, precisa de motivos para continuar, razões para seguir. Renovar seu amor próprio, voltar a se cuidar, a se querer bem, mas para isso precisará de apoio para reaprender a viver e enfim, compreender que a vida sempre vale a pena.
Vamos fazer a diferença na vida de alguém?

Os transtornos mentais por trás do Suicídio


suicidio
Praticamente 100% dos suicidas tinham transtornos mentais, muitas vezes não diagnosticados, frequentemente não tratados ou não tratados da forma adequada. Ou seja, muitos suicídios poderiam ter sido evitados.
O suicídio mata mais do que homicídios e desastres naturais. Infelizmente as taxas de suicídio estão aumentando em todo o mundo. Todos os anos são registrados cerca de dez mil suicídios no Brasil e mais de um milhão no mundo.
Este tema, que ainda é tabu, precisa ser cada vez mais falado.
Fatores como desemprego, crise econômica, mudança no padrão de vida, problemas financeiros, solidão, podem aumentar o risco de suicídio. Se a pessoa já têm uma predisposição como depressão, por exemplo, este risco aumenta.

Pedir ajuda é fundamental! Muitas vezes quando estamos deprimidos nos isolamos, evitamos pessoas, evitamos conversar sobre nosso sofrimento. Muitas vezes a família nem desconfia o tipo de pensamento que pode estar passando pela cabeça daquele que pensa em se suicidar e, que de fato, num momento de desespero em acabar com todo o sofrimento, pode cometer um ato sem volta.
Quando alguém pensa em suicídio é para matar a dor e não a vida. É uma tentativa desesperada de exterminar todo o sofrimento que sente. Por trás de um suicida existia uma pessoa que pedia ajuda, muitas vezes psiquicamente doente há tempos.
Os transtornos psiquiátricos em que as taxas de suicídio são maiores, são: Depressão, transtorno bipolar, alcoolismo, abuso/dependência de outras drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia. Sentimentos de desesperança, desamparo e desespero são bastante associados ao suicídio.

Fatos e inverdades acerca do suicídio:

Ficção: Pessoas que ficam ameaçando suicídio não se matam.
Fato: A maioria das pessoas que se matam deram avisos de sua intenção.
Ficção: Quem quer se matar, se mata mesmo.
Fato: A maioria dos que pensam em se matar, têm sentimentos ambivalentes.
Ficção: Suicídios ocorrem sem avisos.
Fato: Suicidas frequentemente dão ampla indicação de sua intenção.
Ficção: Melhora após a crise significa que o risco de suicídio acabou.
Fato: Muitos suicídios ocorrem num período de melhora, quando a pessoa tem a energia e a vontade de transformar pensamentos desesperados em ação autodestrutiva.
Ficção: Suicídios não podem ser prevenidos.
Fato: A maioria pode-se prevenir.
Ficção: Uma vez suicida, sempre suicida.
Fato: Pensamentos suicidas podem retomar, mas eles não são permanentes, e em algumas pessoas, eles podem nunca mais retornar.
A informação para prevenção é uma arma preciosa no combate ao suicídio. A família mais atenta também pode ajudar a salvar vidas levando o familiar ao diagnóstico de transtornos mentais e tratamento adequado.

Setembro Amarelo quer conscientizar população e prevenir suicídios


  
   Foto: Reprodução/Pixabay
"Provavelmente todos nós conhecemos alguém que já pensou, tentou ou chegou a cometer suicídio", afirma Adriana Rizzo, voluntária do Centro de Valorização da Vida (CVV), uma associação que presta serviço voluntário de apoio emocional e prevenção do suicídio. No Brasil, a cada 100 mil pessoas, quase sete tiraram a própria vida em  2012, segundo a pesquisa mais recente da Organização Mundial da Saúde. Além disso, a OMS afirma que, para cada suicídio, podem ter ocorrido mais de 20 outras tentativas que não deram certo, além de muitas pessoas que consideraram fortemente.

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Apesar de o País ter uma taxa baixa comparado a nações como a Índia, que passa de 30 casos em 100 mil habitantes, o suicídio é considerado um problema de saúde pública. A boa notícia é que, segundo a OMS, nove em cada dez casos poderiam ser prevenidos.
Com o objetivo de quebrar o tabu em torno do tema e ajudar na prevenção, diversas associações se uniram e, desde 2014, promovem no Brasil o Setembro Amarelo. A ideia é reunir, durante um mês, eventos que abram espaço para debates e divulgação do tema. "A campanha é para conscientizar, falar sobre o suicídio. É possível prevenir quando falamos sobre o tema, porque é uma questão de atenção, de cuidado com as pessoas", explica Adriana.
O mês foi escolhido porque 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Monumentos são iluminados com a cor amarela e diversas ações são realizadas, como passeios ciclísticos, caminhadas e abordagens em locais públicos.
"O número de pessoas que gostaram da ideia mesmo sem estar ligadas a uma associação vem crescendo", afirma Adriana. Prova disso é a imagem compartilhada mais de 77 mil vezes no Facebook, com a mensagem: "Setembro Amarelo - Eu disponibilizo meu inbox para desabafos, conversas e conselhos." Apesar da boa intenção, a atitude foi criticada por muita gente, inclusive psicólogos, sob o argumento de que alguém com intenções suicidas precisa, muito além de um ombro amigo, de ajuda profissional. Adriana pondera: "A conversa não substitui o tratamento médico. Mas, muitas vezes, simplesmente falar sobre o que está acontecendo pode fazer com que a pessoa organize as ideias, reflita sobre a situação que a fez chegar a esse ponto."
Segundo Adriana, quem quer ajudar precisa tomar cuidado para não fazer críticas. "Às vezes você se oferece para ouvir, mas faz comentários como 'eu não teria feito desse jeito'. É preciso tentar enxergar o ponto de vista do outro, entender que todo mundo tem seus motivos para tomar uma decisão em determinado momento da vida", explica. Segundo ela, o mais importante é demonstrar que você se importa.
Alguns comportamentos, como deixar de sair com os amigos, demonstrar tristeza por muito tempo ou ter alterações expressivas no humor podem indicar que pessoas próximas precisam de ajuda. "Chame para uma conversa, fale que você percebeu que alguma coisa está acontecendo. Em vez de ficar com receio, toque no assunto. Às vezes a pessoa só precisa falar o que está sentindo", aconselha Adriana.
Outra forma de agir é indicar canais de ajuda, como o próprio CVV. O centro oferece apoio online no site http://www.cvv.org.br/, pelo telefone 141, via Skype (acesso pelo site), ou e-mail (mensagem enviada também pelo site). Em todos os canais, o atendimento é feito por voluntários treinados e a conversa é anônima, com sigilo completo sobre tudo que for dito.

Suicídio cresce 30% no estado de São Paulo, diz estudo

Marília e Ribeirão Preto têm maiores taxas de suicídio do estado.
A morte por sufocação/enforcamento aparece em primeiro lugar.


A mortalidade por suicídio cresceu 30% no estado de São Paulo de 2001 a 2014, mostra o boletim SP Demográfico, da Fundação Seade, divulgado nesta quinta-feira (8). No biênio 2001/2002, foram 4,3 suicídios por 100 mil habitantes, e no biênio 2013-2014, o índice passou para 5,6 por 100 mil habitantes.
sO boletim aborda a mortalidade por suicídio com base nos dados das certidões de óbitos dos Cartórios de Registro Civil de todos os municípios paulistas no biênio 2013/2014. Os dados foram divulgados por causa do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, no dia 10 de setembro.
A tendência de aumento, além do crescimento do suicídio, também ocorre “pela melhoria na classificação das causas externas de morte”, segundo o boletim. Uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública permitiu viabilizou o acesso às informações dos boletins de ocorrência constantes no Infocrim.
Quando se relaciona o número de mortes com a população, as cidades de Marília e Ribeirão Preto têm as maiores taxas de suicídio do estado, 8,6 e 7,5 por 100 mil habitantes, respectivamente. Já SantosSão José dos Campos e Registro ficam entre as menores taxas, abaixo de 5,5 por 100 mil habitantes.
A maior parte das mortes do estado é majoritariamente de homens: 80%. E, destes, 72,3% estavam na faixa etária entre 15 e 64 anos de idade. A morte por sufocação/enforcamento aparece em primeiro lugar tanto para homens (66,3%) quanto para mulheres (43,1%).
Causas
De acordo com o boletim, na maioria dos casos de suicídio consultados “houve algum relato, por parte da testemunha, de que a vítima possuía quadro de depressão, esquizofrenia, estresse ou algum tipo de desilusão, sendo muitas vezes acompanhado de consumo de drogas (lícitas ou ilícitas) e álcool”.
A menor incidência de mortes entre as mulheres é atribuída, principalmente, “à menor dependência de álcool, maior religiosidade, percepção mais precoce de sinais de risco para depressão e doença mental, além de buscarem ajuda com maior frequência em momentos de crise e de participarem mais ativamente de redes de apoio social”.
Já os homens desempenham comportamentos que “predispõem mais ao suicídio, tais como: competitividade, impulsividade, maior acesso à armas, maior sensibilidade às instabilidades econômicas, como desemprego e empobrecimento, etc”.