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segunda-feira, 27 de abril de 2015

BIPOLAR x SUICIDIO


Entre 30% e 50% dos brasileiros portadores de transtorno bipolar tentam suicídio. Essa é a estimativa sustentada pela Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB). De acordo com a entidade, dos que tentam se matar, 20% conseguem o objetivo. De todas as doenças e de todos os transtornos, o bipolar é o que mais causa suicídios

O QUE É O TRANSTORNO BIPOLAR ?
É um disturbio mental crônico e episódico. Começa em geral na infância e adolescência e até os 30 anos a pessoa já desenvolveu a doença . Ela dura a vida toda e evolui com episódios de crises dos polos negativos ou positivo. Ambas podem durar dias, semanas ou anos.


O Transtorno Bipolar do Humor, antigamente denominado de psicose maníaco-depressiva, é caracterizado por oscilações ou mudanças cíclicas de humor. Estas mudanças vão desde oscilações normais, como nos estados de alegria e tristeza, até mudanças patológicas acentuadas e diferentes do normal, como episódios de MANIA, HIPOMANIA, DEPRESSÃO e MISTOS.
É uma doença de grande impacto na vida do paciente, de sua família e sociedade, causando prejuízos freqüentemente irreparáveis em vários setores da vida do indivíduo, como nas finanças, saúde, reputação, além do sofrimento psicológico. É relativamente comum, acometendo aproximadamente 8 a cada 100 indivíduos, manifestando-se igualmente em mulheres e homens.

 

TRATAMENTO E CONTROLE
O controle do transtorno bipolar é feito com estabilizadores de humor e complementado com terapia comportamental. Quando inicia-se o tratamento, o paciente fica mais atento ao seu próprio comportamento e aprende a controlar os sintomas. Não existe a cura, mas existe o controle. Com o tratamento à base de medicamentos, o paciente não desenvolve mais os sintomas e assim pode ter uma vida tranquila e controlada..
A tendência do paciente com transtorno bipolar sem tratamento é ter crises cada vez mais intensas, e  com intervalos menores.


O tratamento na maioria das vezes leva a uma remissão dos sintomas da crise, ou seja, tira o paciente da depressão, da mania ou da hipomania. Uma vez fora da crise, a cada 100 pacientes que interrompem o tratamento, 47 voltam a ter uma nova crise em menos de um ano, e 92 em até dois anos. Como a taxa é muito alta, existe um consenso internacional de que o paciente tem que fazer um tratamento preventivo, para evitar futuros episódios Esses tratamentos preventivos diminuem pela metade a chance de novas crises.

 



Suicídio

“Parece simplesmente não existir nenhuma luz no fim do túnel.”
“Nada mais parece fazer sentido, há apenas uma dor tão pesada que carrego, e que não consigo mais suportar…”
“Não aguento mais viver assim, eu gostaria de viver, mas não assim…”
“Não há mais nada que eu possa fazer, seria melhor morrer…”

Para algumas pessoas, em determinados momentos da vida, pensar na morte como a única saída para uma situação de sofrimento intolerável, talvez pareça a única solução possível. Quando uma pessoa se sente no limite, de tal forma angustiada, desesperada e sem esperança, é compreensível que considere que prescindir do direito de viver, apesar de constituir uma solução permanente, pareça ser a melhor forma de lidar com uma situação que, naquele momento, é tão avassaladora e dolorosa. É como se sentisse que está perdida num labirinto completamente escuro, como se todos os caminhos que permitem o acesso às portas de saída deixassem de existir, e quem mesmo que tentasse percorrer um desses caminhos, isso apenas resultaria em mais um esforço inútil, pois não só encontraria as portas completamente trancadas, como não teria disponíveis as chaves adequadas para as abrir.
Se para si, a dor emocional que sente é de tal forma elevada, que a possibilidade de suicídio é uma opção viável, ou se de outra forma, receia que alguém que lhe é importante esteja a correr esse risco, reflita por favor, apenas por mais um pouco, nas próximas linhas e permita que esta informação a possa ajudar a compreender quão urgente pode ser procurar ajuda especializada.
Reconhecemos que falar sobre suicídio é particularmente desafiador. Parece que, semelhante a tantas outras situações de vulnerabilidade psicológica, para as quais preferimos olhar apenas em secreto, o silêncio funciona somente como mais uma “máscara” que visa esconder uma realidade de profunda dor, misturada com sentimentos de vergonha, estigmDesesperoa e diferença … oferecendo, mais uma vez, pouca ou nenhuma ajuda útil. Por isso, gostaríamos de por momentos, convidá-lo/a a retirar essa máscara, e a vestir o papel de um/a espectador/a atento/a, a uma realidade tão presente nas ditas sociedades modernas. Senão repare: apenas num único ano, cerca de um milhão de pessoas no mundo tiraram a sua própria vida – aproximadamente uma morte a cada 40 segundos – e provavelmente há 4 milhões que o tentam fazer! O suicídio encontra-se entre as 10 primeiras causas de morte, sendo que porcada suicídio ocorrem 11 tentativas sem sucesso. Cerca de 20% das pessoas que tentam suicidar-se, senão procurarem ajuda especializada, repetem essa ação no prazo de um ano, aumentando a probabilidade de eventualmente morrerem por suicídio. Cerca de 10 % de todas as tentativas de suicídio são mortais.Só em Portugal, a taxa de suicídio dobrou na última década, de cerca de 600 para mais de 1.200 casos por cada ano. Dá que pensar, não é? Até porque, embora os números referidos pareçam deveras assustadores e difíceis de aceitar, a possibilidade de escolher por fim à sua própria vida, pode afectar, em alguma medida, a cada um de nós, ou tão importante quanto isso, pode envolver uma pessoa que nos é tão querida, independentemente da idade, condição socioeconómica ou localização geográfica.
É importante entendermos que, a probabilidade de uma pessoa cometer suicídio varia num contínuo, que contempla a ideação suicida – pensamentos acerca da possibilidade de cometer o suicídio -, a tentativa de suicídio – gestos auto-destrutivos não fatais – , até ao suicídio consumado, que resulta em morte. Mas face a qualquer um desses grupos, naturalmente a questão à qual gostaria de saber uma resposta, se prenda com o que motiva alguém a escolher terminar com a sua própria vida. Em termos genéricos, por um lado, o suicídio veicula o desejo de uma pessoa em escapar ou terminar com o seu sofrimento (que é resultante de variadíssimos problemas) e, por outro lado, o seu desejo em comunicar o seu sofrimento aos outros – é um pedido de ajuda. Além disso, cada pessoa têm os seus próprios motivos, muito particulares, profundos e extremamente dolorosos que a levam a ponderar desistir de viver. Uma mudança repentina nas suas circunstâncias de vida, tais como dificuldades financeiras, desemprego ou perda de estatuto socioeconómico, mudanças no contexto familiar ou relacional (divórcio, fim de uma relação, morte de um familiar…) ou ainda a sensação de isolamento, solidão e a ausência de horizontes ou projetos futuros podem constituir factores relevantes.
Não esqueçamos também a companhia indesejável de certas perturbações do humor (depressão, perturbação bipolar, esquizofrenia), que podem contribuir para um estado de maior desorganização e desconforto emocional, ao fragilizarem as potenciais competências para pensar em soluções e lidar com as adversidades,o que por sua vez aumenta a possibilidade do desespero se tornar ainda mais intolerável. Sabia que mais de metade das pessoas que se suicidaram, estavam deprimidas? Estima-se ainda que o risco de suicídio ao longo da vida em pessoas com perturbações do humor (principalmente depressão) é de 6 a 15%; com alcoolismo, de 7 a 15%; e com esquizofrenia, de 4 a 10%.
A comunidade científica também nos informa que a probabilidade de tentar o suicídio é duas a três vezes superior nas mulheres, enquanto os homens apresentam uma probabilidade quatro vezes maior de o consumarem. A escolha do método de suicídio, que pode ser influenciada pela disponibilidade de meios, também é variável em função do género feminino ou masculino.
Na verdade, talvez possa ficar surpreendido ao se aperceber que a maioria das pessoas que pensam, tentam ou cometem o suicídio, escolheriam outra forma de solucionar os seus problemas, se não se encontrassem numa tal angústia que as incapacita de avaliar as suas opções objectivamente. A sua intenção é parar a sua imensurável dor psicológica e não pôr termo à sua vida. Dão por isso sinais de esperança de serem salvas. Querem simplesmente fugir das duras realidades da vida e tensões com as quais não conseguem lidar, para as quais não vêm uma solução possível, nem perspectiva de melhoria ou mudança no futuro.

O suicídio pode ser compreendido como resultando da interação de 3 factores: pressão/stress social, vulnerabilidade individual e disponibilidade de meios:
Alguns números acerca das características das pessoas que tendem a suicidar-se…
  • Mais frequente nos homens que nas mulheres (2:1).
  • Presença de problema psiquiátrico/psicológico em pelo menos, 93% dos casos.
  • Perturbação do humor (depressão, bipolaridade) ou alcoolismo em 57-86 % dos casos.
  • Doença terminal em 4-6% dos casos.
  • Cerca de 66% comunicaram a intenção suicida (40% de forma clara).
  • Cerca de 33% tiveram tentativas anteriores de suicídio.
  • Cerca de metade não tinham contactado técnicos de saúde mental.
  • 90% tinham contactado serviços de saúde.

Factores que aumentam a probabilidade de suicídio

  • Modelos de suicídio: familiares, pares sociais, histórias de ficção e/ou notícias veiculadas pelos média;
  • História de suicídio, violência ou de perturbação de humor na família.
  • Tentativas prévias de suicídio;
  • Ameaça ou ideação suicida com plano pormenorizado elaborado;
  • Acesso fácil a agentes letais, tais como armas de fogo ou pesticidas;
  • Presença de depressão, esquizofrenia, alcoolismo, toxicodependência e perturbações de personalidade;
  • Presença de perturbações alimentares (bulimia).
  • Presença de doenças de prognóstico reservado (HIV, cancro etc.);
  • Hospitalizações frequentes, psiquiátricas ou não;
  • Ter entre 15 e 24 anos ou mais de 45;Depressão
  • Desemprego ou dificuldades económicas que alteram o estatuto familiar;
  • Problemas no trabalho;
  • Morte do cônjuge ou de amigos íntimos;
  • Família actual desagregada: por separação, divórcio ou viuvez.
  • Perdas precoces de pessoas importantes (pais, irmãos, cônjuge, filhos);
  • Falta de apoio familiar e/ou social;
  • Ausência de projectos de vida;
  • Desesperança contínua e acentuada;
  • Culpabilidade elevada por actos praticados ou experiências passadas;
  • Ausência de crenças religiosas;
  • Mudança de residência;
  • Emigração;
  • Reforma;
  • Ter sido alvo de abuso sexual ou psicológico;
  • Experiência de humilhação social recente

Suicídio: ato planeado ou impulsivo?

O suicídio raramente é uma decisão repentina, apesar de amigos e familiares conceberem esse acontecimento como algo completamente inesperado, surpreendente ou até chocante. Na maioria dos casos, o suicídio é algo planeado – a pessoa constrói um plano, estabelece uma data, define um método e pensa nessa possibilidade ao longo de algum tempo, antes de tomar uma decisão definitiva.
Porém, a impulsividade é uma característica da personalidade que interfere na tomada de decisão, ao modelar a rapidez com que se passa do pensamento ao ato, podendo constituir um factor de risco acrescido. Existem assim algumas situações em que o suicídio ocorre de forma impulsiva.Perante uma dada situação, que é dolorosa e intolerável,a pessoa toma uma decisão imediata, precipitada e sem pensar (no sentido de minorar a dor emocional sentida), emitindo uma resposta auto-destrutiva que conduz à consequência irreversível da morte.

Sinais de alerta

Como descrito anteriormente, a maioria das pessoas que se suicidam, dão pistas e sinais de aviso, mas os outros que as rodeiam não estão conscientes do seu significado nem sabem como responder. Eis alguns exemplos de sinais de alerta, cuja detecção atempada e intervenção eficaz poderá salvar vidas:
  • Tornar-se uma pessoa depressiva, melancólica (apresenta uma grande tristeza, desesperança e pessimismo, chora sistematicamente);
  • Falar muito acerca da morte, suicídio ou de que não há razões para viver, utilizando expressões verbais tais como “Não aguento mais”, “Já nada importa”, ou “Estou a pensar acabar com tudo”;
  • Preparativos para a morte: pôr os assuntos em ordem, desfazer-se/oferecer objetos ou bens pessoais valiosos, fazer despedidas ou dizer adeus como se não voltasse a ser visto;
  • Demonstrar uma mudança acentuada de comportamento, atitudes e aparência;
  • Ter comportamentos de risco, marcada impulsividade e agressividade;
  • Aumento do consumo de álcool, droga ou fármacos;
  • Afastamento ou isolamento social;
  • Insónia persistente, ansiedade ou angústia permanente;
  • Apatia pouco usual, letargia, falta de apetite;
  • Dificuldades de relacionamento e integração na família ou no grupo;
  • Insucesso escolar (por exemplo, quando antes era aluno interessado);
  • Auto-mutilação.

Face a este quadro, é provável que dê por si a reconhecer pelo menos alguns destes sintomas em pessoas que conheça, ou até mesmo em si próprio. Note, contudo, que a lista fornecida apenas fornece alguns exemplos de sinais que podem indiciar a presença de ideação ou tentativa de suicídio. Naturalmente, quanto maior o número de sinais presentes, maior o risco de suicídio, e paralelamente, maior a urgência em procurar ajuda quanto antes.

Como intervir?

Se veio até esta página por estar a colocar o suicídio como uma opção, queremos que saiba que não está sozinho. A sua vida é importante e podemos ajudá-lo. Por vezes, não falar dos problemas faz com que eles cresçam dentro de nós e conversar com alguém faz com que eles diminuam de tamanho e facilita o encontro de soluções alternativas.
OportunidadeO acompanhamento individual é a melhor forma de criarmos um espaço em que se possa sentir seguro, compreendido e ajudado na procura de outras opções ou soluções para as suas dificuldades. Nesse espaço, pretende-se:
  • Validar a vivência de desespero, tristeza e sofrimento emocional enquadrando-a na sua história de vida presente, passada e futura;
  • Compreender os motivos que o levam a colocar o suicídio como uma opção;
  • Olhar para os seus problemas sem os julgar, decompô-los em partes mais pequenas para que possam ser trabalhados separadamente;
  • Analisar as crenças subjacentes à convicção de que não existem outras alternativas de pôr fim à dor além do sofrimento;
  • Discutir a relação entre o que pensa, o que sente e como reage, monitorizando esses três elementos da experiência;
  • Encontrar novas formas de lidar com os problemas:Explorar e criar alternativas de solução que possam existir na sua vida (que neste momento não estejam facilmente visíveis) e desenvolver competências de confronto e resolução de problemas;
  • Desenvolver formas eficazes e adaptativas de comunicar os seus problemas aos outros;
  • Promover o seu sentimento de controlo e eficácia pessoal;
  • Desenvolver estratégias de relaxamento que o possam tranquilizar no seu dia-a-dia e em situações de crise;
  • Promover a discussão de cenários futuros mais satisfatórios.
Este é um trabalho prático, que poderá nalguns momentos envolver familiares e amigos se isso for vantajoso. Os objectivos enunciados são apenas orientadores, dado que todo o processo de ajuda é centrado em si, nas suas características e na sua forma de ver o mundo e pretende-se que tenha impacto não só no seu presente, como também no seu futuro.

O que fazer quando identificar sinais de risco?

Se veio até aqui porque desconfia que um amigo, um familiar, ou um conhecido seu poderá estar a pensar em suicídio, ou que inclusive já fez uma tentativa de se suicidar, e não sabe como o ajudar, existem várias coisas que pode fazer por essa pessoa. Se reconhecer os sinais que descrevemos, aqui estão algumas indicações do que poderá fazer:

  • Em primeiro lugar, ser um bom ouvinte é essencial – simplesmente oiça,com toda a atenção, não apenas os factos, mas a sua dor, medos e ansiedades. Não julgue, nem dê conselhos ou opiniões.
  • Reconheça o seu sofrimento, valorize o que é dito e demonstre que está disponível para a ajudar. É fundamental que essa pessoa saiba e sinta o quão importante ela é para si, que a sua vida tem valor para alguém e que a sua dor emocional é compreensível e aceitável face às suas vivências presentes.
  • Demonstre empatia – procure compreender as coisas não do seu ponto de vista, mas segundo o ponto de vista do outro.Não faça comparações.
  • Se essa pessoa que o preocupa não falar abertamente do que sente ou pensa, é importante que tome a iniciativa em conversar com ela. Diga claramente que se apercebeu que o seu comportamento mudou (especifique que mudanças específicas observou) e que está preocupado/a com o que possa ter causado essas mudanças.
  • Não mude de assunto, nem faça comentários do tipo “anima-te”, “vai correr tudo bem”.
  • Não hesite em questionar aberta e diretamente se essa equaciona a ideia de suicídio como uma opção válida. Pode dizer algo como: “Imagino que estejas a sofrer muito, que seja avassaladora a dor que sentes em função de toda esta situação. Estás a considerar o suicídio como opção?”, “Parecem ser demasiados problemas para aguentares sozinha. Pensaste no suicídio como fuga?”, “Alguma vez pensaste em deixar tudo?” Essas questões transmitem a mensagem de que existe alguém que compreende a sua dor psicológica e de que a pessoa não estão sozinha. Naturalmente, a abordagem a este tema sensível varia em função da situação e relação de confiança estabelecida.
  • É importante que a pessoa que pensa em suicídio saiba que a sua morte causaria sofrimento nas pessoas que a rodeiam, e haveriam pessoas que sentiriam a sua falta. Por isso, nunca é demais ter um gesto de carinho para com ela. Por vezes, a tentativa de suicídio pode ser um pedido de ajuda que se pode evitar se a pessoa compreender, antes de tentar terminar a sua vida, que existe alguém que gosta de si, se importa consigo.
  • Nunca deixe a pessoa sozinha se sentir que existe perigo de ela cometer suicídio, nomeadamente se lhe parecer que a mesma tem um plano concreto de suicídio e já tomou decisões para o pôr em prática. Incentive-a a pedir ajuda especializada (a um hospital, médico, psicólogo, ou psiquiatra) e retire da sua proximidade todos os objectos com que a pessoa se possa magoar. Se for necessário, chame uma ambulância, ou outro tipo de ajuda que possa ser pertinente, rapidamente.

Como lidar com a perda?

Se teve alguém na sua vida que se suicidou, provavelmente sente culpa e sente que transporta consigo o peso dessa vida perdida. É natural que sinta que podia ter agido de forma diferente, que podia ter feito coisas diferentes. Poderá sentir que deveria ter notado os sinais, talvez reveja constantemente os últimos tempos que passou com essa pessoa, as últimas coisas que lhe disse. Gostávamos de lhe propor que parasse por momentos e ficasse com esta ideia: uma pessoa que se suicida está em grande sofrimento. Enquanto amigos e familiares, podemos fazer o que está ao nosso alcance para demonstrar a importância que a vida dessa pessoa tem para nós. Mas muitas vezes os sinais são difíceis de detectar, e mesmo que os tivesse reconhecido, isso não seria uma garantia de que as coisas teriam sido diferentes. Em último caso, a decisão é sempre da pessoa que comete o acto – a culpa não é sua. A responsabilidade pelo que aconteceu, não estava nas suas mãos.

Se o conteúdo desta página o toca directamente, e se se identifica com estes sinais ou conhece alguém nesta situação, peça ajuda. Na Oficina da Psicologia, existem várias pessoas prontas para lhe prestar toda a ajuda necessária, que respeitarão as suas ideias, as suas crenças, os seus problemas e respeitarão, acima de tudo, o seu valor enquanto pessoa.Por isso, antes de escolher uma opção irreversível, dê pelo menos uma oportunidade a si mesmo de experimentar uma solução diferente. Estamos disponíveis para si – a sua vida é importante para nós.

Alguns mitos sobre suicídio

MitoAs pessoas que falam sobre o suicídio não vão realmente cometê-lo só querem chamar a atenção, não devemos dar importância.
Realidade: Não, é essencial estar atento ao que a pessoa diz – o facto de falar em suicídio é um sinal de alerta. É um pedido de ajuda, uma forma de comunicar o seu sofrimento, e não apenas uma chamada de atenção.É importante aceitar, compreender e valorizar o que a pessoa sente.

MitoA pessoa que fala em suicídio quer mesmo morrer e está decidida a matar-se, independentemente do que façamos.
RealidadeQuando alguém fala em suicídio, é importante reconhecer a dor da pessoa, porque ela está a pedir ajuda e podemos ainda estar a tempo de a ajudar de alguma forma.

Mito: Quando alguém sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.
Realidade: Na verdade, a existência de tentativas prévias de suicídio é um factor de risco que aumenta a probabilidade da pessoa tornar a tentar suicidar-se.

Mito: O suicídio é hereditário.
Realidade: Não existem estudos com resultados claros, e de facto a existência de suicídios na família pode ser um factor de risco a considerar. No entanto, existem muitos outros factores que interferem na tomada de decisão, não sendo a hereditariedade o factor mais determinante.

Os fatores que podem levar alguém ao suicídio


O suicídio era, tradicionalmente, um tema de tabu nas sociedades ocidentais, o que o levou a ser omitido em várias situações, só piorando o problema. Mesmo após as suas mortes, as vítimas de suicídio não eram enterradas próximo das outras nos cemitérios.
Hoje é sabido que se pode dar grandes passos para a redução das taxas de suicídio, começando por aceitar as pessoas tais como são, acabando com os tabus sociais, falando sobre as ideias de suicídio que as acometem. Só o fato de falarem sobre o que sentem ajuda-as a atenuar o seu nível de angústia e sentimento de isolamento. Conscientes disso, estimular o desabafo é sempre a postura dos voluntários cevevianos.
Normalmente se consegue lidar razoavelmente bem com problemas de stress e isolamento ou acontecimentos e experiências traumáticas, mas quando há um acúmulo de tais situações essa capacidade é levada a um limite extremo de tolerância. A tensão ou trauma gerado por um dado acontecimento varia de pessoa para pessoa, dependendo da sua experiência e de como percebe esse fato em particular. Algumas pessoas são mais ou menos vulneráveis a acontecimentos particulares de trauma, e outras podem considerar determinadas situações dolorosas como uma vivência positiva para o crescimento.
Há diversos fatores que podem levar uma pessoa ao suicídio. São de ordem psicopatológica, pessoal, psicológica e social.
Psicopatológicas
1. Depressão endógena, esquizofrenia, alcoolismo, dependência de drogas e distúrbios de personalidade.
2. Modelos suicidas: familiares, pares sociais, histórias de ficção e/ou notícias veiculadas pela mídia.
3. Comportamentos suicidas prévios.
4. Ameaça ou ideação suicida com plano elaborado.
5. Distúrbios alimentares (bulimia).
Pessoais
1. Ter entre 15 e 24 anos ou mais de 45.
2. Morte do cônjuge ou de amigos íntimos.
3. Presença de doenças de prognóstico reservado (HIV, câncer, etc.).
4. Hospitalizações frequentes, psiquiátricas ou não.
5. Família desagregada: por separação, divórcio ou viuvez.
Psicológicas
1. Ausência de projetos de vida.
2. Desesperança contínua e acentuada.
3. Culpabilidade elevada por atos praticados em experiências passadas.
4. Perdas precoces de figuras significativas (pais, irmãos, cônjuge, filhos).
5. Ausência de crenças religiosas.
Sociais
1. Habitar em meio urbano.
2. Desemprego.
3. Migração.
4. Acesso fácil a agentes letais, tais como armas de fogo ou pesticidas.
5. Estar preso.
É evidente que alguns assuntos poderão nunca ser completamente resolvidos com o apoio, mas um voluntário poderá ajudar através da Abordagem Centrada na Pessoa, contribuindo para que a pessoa de ideação suicida descubra que viver ainda é a melhor saída.
Guido / São José dos Pinhais (PR)
Fonte: http://cvv.org.br/site/referencias/12-suicidio/61-os-fatores-que-podem-levar-alguem-ao-suicidio.html

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Jovens fazem prevenção ao suicídio de jovens


"O suicídio é um problema, não uma solução" e não adianta querer ignorá-lo. Com esse lema, a organização Stop Suicídio, de Genebra, está lançando uma grande campanha de prevenção.

Na faixa etária dos 14 aos 25 anos, o suicídio é a principal causa de morte na Suíça.
Cartazes como o desta página e outros serão espalhados por Genebra nas póximas semanas. Heverá tamém espetáculos teatrais, musicais, cinema, leituras de textos e uma marcha silenciosa para encerrar a campanha idealizada por Stop Suicídio, a primeira organização suíça de jovens que se dedica à prevenção do suicídio de jovens.

A organização foi fundada em Genebra, em setembro de 2000, quando da passeata silenciosa de estudantes de um colégio depois do suicídio de um de seus colegas.

"O suicídio não é apenas um problema médico mas de toda a sociedade é e preciso romper o silêncio em que está envolvido", afirma Florian Irminger, secretário da Stop Suicídio.

Muro de resistência

"Nosso objetivo é informar e sensibilizar a população dessa chaga social e informar os jovens em questão sobre as possibilidades de ajuda que existem", explica Pauline Borsinger, responsável da campanha.

No anúncio de lançamento da campanha, a ex-deputada estadual Fabienne Bugnon falou das dificuldades que encontrou nos anos 90 quando tentou abordar a problemática do suicídio de jovens nas escolas e no Parlamento estadual de Genebra.

"Encontrei um muro de resistência e até colegas deputados disseram que isso era problema para enfermeiras e médicos", disse a deputada. "Ainda bem que as coisas evoluem principalmente graças também ao trabalho dos jovens da Stop Suicídio."

Realmente, certas pesquisas indicam que a publicidade de atos suicidas de pessoas conhecidas pode causar o fenômeno da idolatria, reconhecido inclusive pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Não culpabilizar os pais

Pesquisas mais recentes demonstram, no entanto, que falar do suicídio tende a dissuadí-los. Pesquisadores da Universidade Columbia, em Nova York, questionaram 2342 adolescentes de 13 a 19 anos e concluiram que o fato de se exprimir provoca uma descaraga emocional. Por outro lado, o grupo que não questionado respondeu que é ninguém se interessa por seus problemas.

Em todo caso, mm dos aspectos que a campanha insiste é que "o suicídio não é um ato de coragem" e que também é importante não culpabilizar os pais.

Estimativas alarmantes

Não existem estudos sistemáticos sobre o suicídio de jovens mas o Dr.Patrick Haemmerle, psiquiatra especialista em adolescentes em Fribourg, estima que "a cada três dias há um suicídio entre adolescentes e jovens adultos", na Suíça.

"Trata-se de um absurdo porque, em teoria, o suicídio é uma causa de morte evitável", afirma o psiquiatra. Na mesma categoria existiriam 15 a 20 mil tentativas de suicídio por ano.

Maja Perret, membro do Centro de Estudos e de Prevenção do Suicídio (CEPS), em Genebra também defende a mesma posição da Stop Suicídio.

"Durante muito tempo, pensávamos que era melhor não falar para evitar o efeito Werther, uma multiplicação de suicídios por imitaçáo. Hoje sabemos que a prevenção é uma questão de política sanitária que afeta todo mundo".

swissinfo, Claudinê Gonçalves

Facebook lança novas ferramentas para ajudar na prevenção do suicídio


As medidas preventivas começaram em 2011. Quatro anos depois, o esforço é ainda maior.

Cada vez mais as pessoas optam por passar o seu tempo online, seja a consultar novidades ou a partilhar diversos conteúdos com os seus amigos e conhecidos. E uma rede social com mil milhões de utilizadores tem um papel importante nos dias de hoje, algo que se traduz em responsabilidade social

Neste sentido, o Facebook lança esta semana novas ferramentas que tentam ajudar na prevenção ao suicídio. O novo esforço da tecnológica pode ser visto como uma atualização de um programa preventivo que começou em 2011, derivado da iniciativa Compassion Research Day.

Agora, e graças a estes novos recursos, os utilizadores poderão enviar uma notificação automática ao Facebook caso notem na sua rede de contactos alguém que esteja a ter pensamentos com tendências suicidas.

Depois, e assim que esse utilizador efectuar um novo início de sessão, receberá uma mensagem a avisar que um amigo percebeu que precisava de ajuda. Aí, a rede social mais usada do planeta irá perguntar ao utilizador em questão se quer conversar com um profissional – especialista na área da saúde mental - ou receber algumas dicas de apoio.

Facebook ajuda

Estas novas ferramentas resultam de uma parceria do Facebook com várias organizações dos EUA que prestam auxílio a pessoas que necessitam de ajuda ao nível psicológico e emocional, como a Forefron, Now Matters Now, Save.org e National Suicide Prevention Lifeline.

Estas atualizações vão ser disponibilizadas gradualmente ao longo das próximas meses aos utilizadores dos EUA, sendo que o Facebook trabalha para que as ferramentas cheguem também aos internautas fora do território norte-americano. 

Fonte: http://tek.sapo.pt/noticias/internet/facebook_lanca_novas_ferramentas_para_ajudar_1432394.html

Boas notícias de Portugal: "Dia + contigo"

Dia + contigo na escola

Escolas de 17 concelhos do país (sobretudo da região Centro, mas também da Lourinhã e da ilha do Pico, nos Açores) participam, amanhã (12 de março), nas comemorações do Dia “+ Contigo”, data que assinala a existência do projeto homónimo de prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar, iniciado em Coimbra, pelas mãos da Escola Superior de Enfermagem (ESEnfC) e da Administração Regional de Saúde do Centro, e agora em fase de alargamento ao território nacional.

Alunos do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário, a população-alvo do projeto “+ Contigo”, estarão envolvidos em múltiplas atividades promotoras da saúde mental e do bem-estar, previstas para as escolas que frequentam, na Marinha Grande, Figueiró dos Vinhos, Sever do Vouga, Pombal, Oliveira do Hospital, Mangualde, Oliveira do Bairro, Coimbra, Cantanhede, Mealhada, Lourinhã, Albergaria-a-Velha, Figueira da Foz, Estarreja, Lajes do Pico, Madalena e S. Roque.

Uma largada de balões com mensagens alusivas à saúde mental, um jogo de futebol com o lemafair play, flash mobs, projeção de vídeos, palestras, momentos musicais, murais para escrever mensagens acerca do tema, além de jogos variados, são algumas das ações programadas para o Dia “+ Contigo”.

Da responsabilidade da ESEnfC e da ARS do Centro e desenvolvido em meio escolar, o “+ Contigo” trabalha aspetos como o estigma em saúde mental, o autoconceito e a capacidade de resolução de problemas, devidamente enquadrados na fase da adolescência e tendo em vista a prevenção do suicídio neste grupo etário.

Cerca de 3500 jovens foram, até ao momento, abrangidos pelo projeto, que foi inserido no conjunto de medidas do Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, da Direção-Geral da Saúde (DGS). Além da DGS, são parceiros “+ Contigo” a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares – Direção de Serviços da Região Centro, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar Baixo Vouga, o Centro Hospitalar Lisboa Norte, o Núcleo de Estudos do Suicídio (do Hospital de Santa Maria, em Lisboa), o Centro Hospitalar Leiria-Pombal, o Centro Hospitalar Tondela-Viseu e o Município da Lourinhã.

Fonte: www.noticiasdecoimbra.pt/dia-contigo-na-escola/