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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


Transtorno mental que mais causa suicídios, bipolaridade lesa o cérebro

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO

O transtorno bipolar é progressivo e leva à perda da função de neurônios, segundo novos estudos, liderados por pesquisadores brasileiros.
A doença, caracterizada pela alternância entre depressão e euforia (mania, como os médicos dizem), atinge 2,2% da população: são 4,2 milhões de brasileiros, segundo estimativa da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Crises bipolares não têm nada a ver com as mudanças de humor da pessoa "de lua", que passa uma manhã agitada ou se irrita facilmente.
Um episódio de mania pode durar dias ou semanas e levar a alteração do sono, perda do senso crítico e comportamentos compulsivos como comprar demais ou consumir álcool e drogas.
Como tantos outros nomes de patologias, a expressão "bipolar" é usada fora do contexto médico. "Há um entendimento errado da bipolaridade. É uma doença muito grave, com uma série de sintomas. Mudar de humor rapidamente não faz o diagnóstico", diz o psiquiatra Beny Lafer, coordenador do Programa de Transtorno Bipolar do Hospital das Clínicas de São Paulo.
BANALIZAÇÃO
A bipolaridade é a doença mental que mais mata por suicídio: cerca de 15% dos doentes se matam. Os pacientes têm um risco 28 vezes maior de apresentar comportamento suicida do que o resto da população e até metade dos doentes tenta se matar, mostram levantamentos.
"A expectativa de vida de homens bipolares é 13 anos menor e de mulheres bipolares é 12 anos menor do que a da população em geral, segundo um estudo dinamarquês. A expectativa de vida do bipolar é comparável à do esquizofrênico", diz o psiquiatra Fábio Gomes de Matos e Souza, professor e também pesquisador da Universidade Federal do Ceará.
Considerando a gravidade, os médicos todos criticam a popularização do termo.
"É banalizar a doença. Estar triste é uma coisa, estar deprimido e não conseguir sair de casa é outra", diz a psiquiatra Ângela Scippa, presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar.
De acordo com as últimas descobertas científicas, as crises de euforia e depressão são tóxicas ao cérebro.
ENXURRADA NO CÉREBRO
O grupo do psiquiatra Flávio Kapczinski, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é referência na área e publicou artigos em novembro e dezembro nas revistas "Translational Psychiatry" e "Current Psychiatry Reports".
"Assim como o organismo do diabético sofre com os picos de glicemia, o cérebro de quem tem transtorno bipolar não controlado sofre com o excesso de neurotransmissores", diz Kapczinski.
As crises são acompanhadas da descarga de substâncias como dopamina e glutamato. Na tentativa de controlar o incêndio, o organismo manda para a região células protetoras. "Essas células produzem inflamação, causando a perda de conexões entre neurônios. São os achados mais recentes, nem estão publicados ainda", adianta.
Após cinco episódios do transtorno perde-se 10% do hipocampo, área responsável pela memória, estima o psiquiatra Matos e Souza.
A médio prazo, a doença fica mais grave e as crises, frequentes e fortes. O doente responde cada vez menos à medicação. "Ele passa a ter problemas de memória, planejamento e concentração, funções ligadas à parte frontal do cérebro", diz Kapczinski.
Editoria de Arte/Folhapress
DIAGNÓSTICO
Os primeiros surtos de transtorno bipolar surgem como crises de depressão em 60% dos casos, daí a dificuldade no diagnóstico. O transtorno aparece, em geral, até os 25 anos.
Quando a doença se manifesta como mania, os sintomas são confundidos com os de esquizofrenia (megalomania, alucinações). "O diagnóstico leva até dez anos", afirma Helena Calil, psiquiatra e professora da Unifesp.
A dificuldade de determinar a doença é comum entre os transtornos mentais, lembra Jair Soares, psiquiatra brasileiro e pesquisador na Universidade do Texas em Houston (EUA).
Não há um marcador biológico que possa ser medido em um teste. "Dependemos do diagnóstico clínico, da descrição dos sintomas pelo paciente", completa Soares.
A avaliação clínica não consegue diferenciar uma depressão bipolar de outras. "O tratamento com antidepressivo puro pode agravar a doença. É um risco. Às vezes, só assim para descobrir", diz a psiquiatra Ângela Scippa.
Os casos mais complexos envolvem crises de hipomania, uma mania leve que pode aparecer como ciúme ou irritabilidade. Sentimentos normais que, no bipolar, são exagerados e causam prejuízos à vida --essa é a fronteira entre normal e patológico.
O alerta deve vir quando a família se queixa de instabilidade: a pessoa mostra alterações visíveis e fases de normalidade. Outros sinais são: histórico familiar (80% dos casos são hereditários), alterações no sono e uso de álcool e drogas (metade dos bipolares é dependente).
HIPOMANIA LEVE
Antes, o transtorno bipolar era conhecido como psicose maníaco-depressiva e incluía casos mais graves. Agora, se discute se pessoas com depressão e hipomania leve (irritadas, ciumentas demais) devem ser tratadas como bipolares --metade dos que sofrem de depressão se enquadra no perfil. Ou seja, 10% da população.
"Já há evidências científicas para isso", defende o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Clínicas da USP.
Para Soares, se a caracterização for expandida demais, corre o risco de abarcar gente que não se beneficiará com o tratamento. "Será que vamos tratar pacientes que, em vez de melhorar, vão piorar?", diz.
A psicoterapia aumenta a adesão ao tratamento com remédios e ajuda a pessoa a conhecer os gatilhos das crises. "É importante, mas complementar", diz Leandro Malloy-Diniz, psicólogo e presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia.
Editoria de Arte/Folhapress

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012




Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo

MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO


Uma série de estudos publicada no periódico "Lancet" chama a atenção para um assunto tabu: o suicídio.
Segundo um dos artigos, essa é a primeira causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos. Entre os homens, o suicídio ocupa o terceiro lugar, depois de acidentes de trânsito e da violência.
No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, ficando atrás de acidentes e homicídios.
"As taxas sempre foram maiores na terceira idade. Hoje a gente observa que, entre os jovens, elas sobem assustadoramente", afirma Alexandrina Meleiro, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
Entre os jovens, a taxa multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4 a cada 100 mil pessoas.
Segundo o estudo, os adolescentes evitam procurar ajuda por temerem o estigma e que rumores sobre seus pensamentos suicidas se espalhem pela escola.
Há outra mudança no perfil dos que cometem suicídio. O risco, que sempre foi maior entre homens, tem aumentado entre as meninas.
Segundo Meleiro, isso se deve a gestações precoces e não desejadas, prostituição e abuso de drogas.
SILÊNCIO
O problema, porém, é negligenciado, como mostram dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade afirma que os casos de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos e que 1 milhão de pessoas no mundo morrem dessa forma por ano.
No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia. O número de tentativas é até 20 vezes maior que o de mortes.
"O suicídio é uma epidemia silenciosa. E o preconceito em torno das doenças mentais faz com que as pessoas não procurem ajuda", diz Meleiro. Cerca de 90% dos suicídios estão ligados a transtornos mentais.
Editoria de arte/folhapress
Segundo a OMS, pouco tem sido feito em termos de prevenção. Os pesquisadores, da Universidade de Oxford e da Universidade Stirling, na Escócia, dizem que mais pesquisas são necessárias para compreender os fatores de risco e melhorar a prevenção.
Uma estratégia é limitar o acesso a meios que facilitem o suicídio, como armas.
Meleiro diz ainda que as pessoas costumam dar sinais antes de uma tentativa. "Acredita-se que perguntar se a pessoa tem pensamentos suicidas vai estimulá-la, mas isso pode levá-la a procurar ajuda."
A psiquiatra da infância e da adolescência Jackeline Giusti, do Hospital das Clínicas da USP, afirma que é importante prestar atenção a sinais de automutilação nos adolescentes, porque a prática aumenta o risco de suicídio.
"Professores, clínicos e pediatras têm que ficar atentos a essa possibilidade e investigar. É um sinal de que algo não está legal e merece cuidados. Em geral os adolecescentes que se mutilam são deprimidos, têm ansiedade e têm uma dificuldade enorme pra dizer o que estão sentindo ou para pedir ajuda."

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Duas notícias do mundo hispânico: prevenção do suicídio em face do bullying e da condição de soropositivo

Adolescentes graban un videoclip contra el acoso escolar, para prevenir suicidios como el del holandés Tim Ribberink


Cuatro alumnos del Instituto Alejandría de Tordesillas (Valladolid) han grabado un videoclip contra el acoso en las redes sociales, a fin de evitar suicidios como los de la canadiense Amanda Todd o el más reciente del holandés Tim Ribberink.

Según la Plataforma de Infancia, el objetivo de esta iniciativa es sensibilizar a la población, y en especial a los jóvenes, sobre la existencia del problema, a fin de que denuncien su situación u otros casos de acoso que puedan conocer.

María, Sergio, Andrea y Patricia han contado con sus compañeros de clase para rodar y grabar 'Today is dark, tomorrow will be black' ('Hoy está oscuro, mañana será negro').

Este vídeo y la canción se difundirán en la red social 'cibercorresponsales', que impulsa dicha plataforma entre menores de 18 años para dar cabida a la participación juvenil en temas sociales.

Con este trabajo, los chicos quieren poner de manifiesto que no toda la juventud toma parte en actos violentos y que muchos incluso los denuncian y se involucran en actividades de voluntariado contra el acoso.


Terapias psicológicas son vitales para prevenir suicidios en pacientes seropositivos


Depresión puede acabaron sus ganas de vivir.

Los especialistas del Hospital de la Solidaridad recomiendan terapias psicológicas en los pacientes de VIH-SIDA con el fin de prevenir suicidas y cuadros depresivos en su vida.

Liliana Díaz Díaz, psicóloga del centro, señala que para muchas personas el saber que tiene esa enfermedad puede resultar muy impactante, ocasionando reacciones diversas, algunos muy negativas.

"No hay estadísticas que certifiquen esto pero por la experiencia y lo que manifiestan, en alguno momento lo pensaron. Esto unido a indicadores de depresión, si están recibiendo un tratamiento o abordaje emocional, implican muchos aspectos”, expresa.

Ante esta, la experta recomienda optar por terapias en donde la enfermedad se puede ver desde diversos enfoques, tiempos y espacio, educando e informando no solo al paciente, sino también a sus familiares y amigos.

Asimismo, resalta la necesidad de identificar los signos de alerta temprana como los nervios inestables, los estados de inquietud varios, las pesadillas y los ataques de pánico.

Fontes: link1 e link2.

Evento de capacitação de prevenção de suicídio no Rio Grande do Sul


Secretaria promoveu capacitação sobre suicídio a profissionais da saúde do RS
Gustavo Trevisi

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) realizou no dia 29 de novembro o 4º Seminário Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio. O evento foi destinado aos servidores da saúde dos municípios do RS que trabalham com a temática do suicídio (Venâncio Aires e região).

A psicóloga do Departamento de Coordenação dos Hospitais Estaduais da SES,  Cláudia Weyne Cruz, explicou que o objetivo do encontro foi capacitar os profissionais de saúde para a prevenção de suicídios. "Ainda falta conhecimento para evitar que as pessoas façam isso", afirma.

Segundo ela, há um aumento de casos entre jovens e idosos. Entre os idosos, a aposentadoria; as dores provenientes de doenças e a perda da função social estão entre os principais fatores que contribuem para este acréscimo.

A Irmã Lúcia Boniatti, presidente do Sistema Mãe de Deus, disse que é necessário tocar o coração das pessoas. "Dentro de nós está a maior sabedoria das nossas vidas", assegura. Para ela, devemos ter, pelo menos, 15 minutos de silêncio diário e eliminar hábitos antigos para aquietar nossa mente e melhorar nossa qualidade de vida.

Durante o evento, teve o lançamento do Guia de Prevenção do Suicídio, realizado a partir de um convênio com o Ministério da Saúde.

Fonte: http://www.saude.rs.gov.br/conteudo/6733/?Secretaria_promove_capacita%C3%A7%C3%A3o_sobre_suic%C3%ADdio_a_profissionais_da_sa%C3%BAde_do_RS
Mais informações sobre o guia


PREVENÇÃO DO SUICÍDIO NO NÍVEL LOCAL

Orientações para a formação de redes municipais de prevenção e controle do suicídio e para os profissionais que a integram

Organização
Anna Tereza Miranda Soares Moura, Eliane Carnot Almeida, Paulo Henrique de Almeida Rodrigues,
Ricardo de Campos Nogueira, Tânia E. H. H. - Porto Alegre

Revisão Técnica
Miriam Prietch
Neury José Botega
Ricardo de Campos Nogueira

Esta publicação se dirige a todos os profissionais que tem a possibilidade de atuar na vigilância e prevenção do suicídio, em especial nas áreas da saúde, assistência social, educação, extensão rural, jornalismo e segurança.

Resulta de um Projeto de Pesquisa realizado em quatro municípios do Estado do Rio Grande do Sul – Candelária, Santa Cruz do Sul, São Lourenço do Sul e Venâncio Aires, todos com elevados índices de suicídio, com o objetivo de desenvolver uma metodologia para a formação de redes intersetoriais de promoção da vida e prevenção do suicídio, a partir da sensibilização e do envolvimento de profissionais de diferentes setores.

O Projeto foi coordenado por pesquisadores do curso de Mestrado em Saúde da Família da Universidade Estácio de Sá, com o apoio do Centro de Estudos em Saúde Coletiva (CEPESC) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com financiamento do Ministério da Saúde através da Coordenação de Saúde Mental e da Secretaria de Vigilância e Saúde (SVS). Contou com a parceria do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (CEVS/SES/RS), através do Núcleo de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis (NVDANT), do Programa de Prevenção da Violência do Estado do Rio Grande do Sul (PPV/RS) e das secretarias municipais de saúde dos quatro municípios envolvidos.

Houve participação ativa de profissionais com atuação local em diferentes setores, representantes de instituições como o Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS) da SES/RS, o Centro de Valorização da Vida (CVV), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul (SSP/RS) e da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).

O projeto contou com a consultoria técnica dos especialistas Profa. Blanca S. Guevara Werlang, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) e Prof. Neury José Botega, da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP).

Foram tomados como referência os manuais da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) para a vigilância, prevenção e o controle do suicídio, cujo conteúdo foi sintetizado, assim como os dados levantados na referida pesquisa e em outros trabalhos acadêmicos sobre o tema.

Para acessar o guia, clique nos arquivos abaixo:
Capa do Manual
Parte 1/3
Parte 2/3
Parte 3/3